Depois do Fim - Como Superar o Luto após o Término de um Relacionamento
A importância de reconhecer o luto após términos
Seja muito bem-vindo a esta jornada sobre as cinco fases do luto — um caminho que nos ajuda a entender e a superar o fim de relacionamentos ou qualquer grande perda em nossas vidas. Aqui, vamos caminhar juntos, de forma breve e clara, para desmistificar por que, em certos momentos, é tão doloroso fechar ciclos e como podemos atravessar esse processo de maneira menos desgastante.
Baseada nos estudos pioneiros da Dra. Elizabeth Kübler-Ross em 1969, essa teoria foi inicialmente aplicada a pessoas que passavam pela perda de entes queridos. Com o avanço da psicologia, da neurociência e da psiquiatria, percebemos que essas mesmas etapas também enxergam de modo curioso os términos amorosos: rejeição, raiva, negociação, tristeza profunda e, por fim, aceitação.
Ao longo deste conteúdo, vamos detalhar cada fase:
Negação – aquele primeiro “não pode ser real” que, por mais estranho que pareça, funciona como um escudo protetor para nossa mente.
Raiva – o momento em que a frustração e a indignação vêm à tona e, se bem canalizadas, nos mostram onde ainda dói.
Negociação – a tentativa de “voltar atrás” ou de encontrar acordos internos que nos ajudem a manter alguma esperança.
Depressão – a fase de tristeza mais profunda, de aceitação da realidade, mas também de reflexão e aprendizado.
Aceitação – o passo final, quando começamos, de fato, a olhar para o futuro e a confiarmos na nossa capacidade de recomeçar.
Em cada etapa, vou compartilhar não apenas o “porquê” desses sentimentos serem necessários, mas também estratégias práticas para atravessá-los de forma mais consciente, respeitando seu tempo e suas emoções. Prepare-se: mesmo que o caminho pareça tortuoso, ele nos leva ao alívio, ao autoconhecimento e, sobretudo, à liberdade de viver plenamente o próximo capítulo da nossa história.
Fase 1: Negação – A mente tentando nos proteger do impacto
Você já passou por um término e, mesmo com todas as evidências de que acabou, sentia que ainda havia alguma chance? Que talvez a pessoa só estivesse confusa ou que bastava dar um tempo que tudo se resolveria?
Essa é a negação em ação.
A negação é a primeira fase do luto, descrita por Elisabeth Kübler-Ross, uma das pioneiras no estudo das reações humanas diante da perda. E, apesar de parecer um obstáculo, ela cumpre uma função essencial: proteger a nossa mente de um choque emocional muito intenso.
Quando um relacionamento termina, não perdemos apenas uma pessoa. Perdemos planos, hábitos, intimidade, a rotina de falar com alguém todos os dias, o "bom dia" e o "boa noite", o “vai com Deus”. Perdemos um pedaço da nossa identidade, especialmente se estivemos por muito tempo com aquela pessoa. Por isso, a mente tenta anestesiar o impacto dessa ruptura. E faz isso dizendo: “Ainda não acabou.”
Como a negação aparece?
A negação pode se manifestar de formas sutis — e nem tão sutis assim. Aqui vão alguns exemplos comuns:
Você ainda fala da pessoa como se fossem um casal: “Ontem a gente foi no restaurante...”
Fica checando o WhatsApp para ver se o ex está online.
Assiste aos stories da pessoa e analisa cada detalhe: “Será que esse copo era o meu?”
Manda mensagens “sem querer querendo”, só pra testar se a pessoa responde.
Alimenta a ideia de que foi só uma crise, que com um pouco de paciência tudo volta ao normal.
Esses comportamentos não te tornam fraco(a). Eles são tentativas humanas de manter algo que era importante para você. Mas, se você permanecer tempo demais nessa fase, a negação pode se transformar numa prisão emocional. Você fica refém de expectativas que não condizem mais com a realidade.
Por que é tão difícil aceitar?
Porque aceitar dói. Dói encarar que o outro não quer mais, que as promessas não se cumpriram, que algo em que você acreditava com todo o coração chegou ao fim. E, no fundo, essa dor tem uma raiz mais profunda: o medo de não ser amado(a) novamente, de não encontrar outro parceiro, de “ter jogado tempo fora”, de não ser suficiente.
A negação é o jeito da nossa mente dizer: "Não estou pronto para lidar com tudo isso de uma vez."
Como atravessar essa fase de forma mais saudável?
Permita-se sentir, sem julgamento.
Está com vontade de stalkear o ex? Está sentindo esperança de reconciliação? Tudo bem. Apenas observe esses impulsos sem se deixar conduzir totalmente por eles. Não precisa agir, só sentir.Escreva uma carta de despedida — e não envie.
Coloque no papel tudo o que gostaria de dizer. Escreva sobre as boas lembranças, as mágoas, as frustrações e os sonhos que não se realizaram. Depois, guarde a carta ou queime. É um ritual simbólico que ajuda sua mente a reconhecer que algo se encerrou.Reduza os gatilhos.
Silencie as notificações da pessoa. Dê um tempo das redes sociais. Reorganize seus espaços: troque a posição da cama, mude o plano de fundo do celular, tire fotos do ex que ainda estão expostas. Pequenas ações externas ajudam a sinalizar ao seu cérebro que algo mudou internamente.Converse com pessoas que te lembrem quem você é sem esse relacionamento.
Fale com amigos antigos, familiares, gente que te conhece de antes. Isso ajuda a resgatar partes de você que podem ter se perdido durante o namoro ou casamento.Evite decisões impulsivas.
A dor pode te empurrar para relacionamentos de rebote, tentativas forçadas de reconciliação ou até comportamentos autodestrutivos. Dê tempo ao tempo. Nenhuma cura emocional acontece em ritmo acelerado.
E quando você começa a aceitar?
Você perceberá que está saindo da negação quando:
Começa a se lembrar do relacionamento com mais clareza, reconhecendo também os pontos negativos.
Sente que pode passar um dia sem checar o perfil da pessoa.
Começa a fazer planos que não envolvem mais o ex.
Sente saudade, mas ela não paralisa sua vida.
A saída da negação é, na verdade, a entrada na realidade. E, por mais dura que ela seja, é nela que a cura acontece. Só conseguimos reorganizar a nossa vida quando paramos de alimentar a ilusão de que tudo pode voltar a ser como era antes.
Na próxima fase, vamos falar sobre a raiva: um sentimento que muitos tentam evitar, mas que pode ser um passo poderoso de libertação quando bem compreendido.
Se você está vivendo a negação agora, lembre-se: não é fraqueza. É só o começo do seu processo de transformação.
Fase 2: Raiva – Quando o coração que sangra começa a gritar
Se a negação é silenciosa, a raiva é barulhenta. Ela vem como um grito da alma que começa a perceber que algo se perdeu de verdade.
Você começa a sentir o sangue ferver, os pensamentos ficam mais acelerados e, muitas vezes, se pega dizendo frases como:
“Como ele(a) pôde fazer isso comigo?”
“Perdi anos da minha vida por alguém que nunca me valorizou.”
“Eu dei tudo de mim e foi assim que fui tratado(a)?”
Essa fase costuma ser confusa porque mistura dor, indignação, ressentimento, sensação de injustiça e até vergonha. A raiva pode ser direcionada para várias frentes: para o ex, para si mesmo(a), para amigos que “não avisaram”, para Deus, para a vida.
Mas aqui está uma verdade que poucos contam: a raiva é um sinal de que você está começando a voltar para si.
Por que sentimos tanta raiva?
Porque você começa a perceber que acreditou numa promessa que não se cumpriu. Investiu tempo, energia, amor — e, de repente, tudo desmoronou. A raiva nasce como uma reação à frustração, à sensação de impotência e à quebra de expectativas.
É o momento em que o cérebro emocional grita: "Eu não merecia passar por isso!"
E ele tem razão. Você não merecia sofrer. Mas, agora que isso aconteceu, essa energia da raiva pode ser canalizada como força para romper os laços emocionais com o passado e começar o movimento de libertação.
Como essa raiva aparece?
Você revive mentalmente brigas antigas e pensa: “Por que eu aceitei isso?”
Sente vontade de confrontar a pessoa e dizer tudo o que ficou entalado.
Começa a enxergar atitudes tóxicas ou egoístas que antes passavam despercebidas.
Tem pensamentos agressivos, às vezes até de vingança.
E, sim, você pode se assustar com o que sente. Muitas pessoas, especialmente as mais contidas ou educadas para “serem boas”, se sentem culpadas por sentir raiva. Mas aqui está algo importante: sentir raiva não faz de você uma pessoa ruim — faz de você uma pessoa ferida.
Como atravessar a fase da raiva sem se autodestruir?
Permita-se sentir, mas escolha como agir.
Sentir raiva não significa sair descontando em todo mundo. É possível sentir profundamente, expressar de forma segura e ainda manter a dignidade. Gritar no travesseiro, correr, bater em almofadas, escrever desabafos... tudo isso ajuda a liberar a energia acumulada.Dê nome à sua indignação.
A raiva muitas vezes está mascarando emoções mais profundas: abandono, humilhação, rejeição, sensação de ser traído(a). Escreva: “Estou com raiva porque...”. Vá além do superficial. Quanto mais clareza, mais controle você tem.Use a raiva como combustível.
Muita gente começa a se cuidar melhor nessa fase: volta para a terapia, para a academia, muda o visual, redescobre amizades antigas. Isso acontece porque a raiva é energia vital. Quando bem usada, ela se transforma em movimento.Evite canais de reforço negativo.
Ficar se alimentando de frases de ódio, vídeos de vingança ou conselhos de “faz ele pagar” só prolonga o ciclo da dor. Você pode sentir raiva e ainda assim escolher não se intoxicar com ela.Se necessário, busque ajuda profissional.
Se a raiva estiver muito intensa a ponto de comprometer seu sono, sua saúde ou sua segurança, isso não é fraqueza — é sinal de que sua dor precisa de acolhimento profissional.
O que essa fase ensina?
A raiva, quando vivida com consciência, ensina você a se posicionar. A dizer “basta”. A perceber onde passou dos seus limites. A entender que amar não significa se anular.
Muitas pessoas relatam que, após atravessarem essa fase, sentem como se estivessem voltando a se enxergar no espelho — com mais firmeza, mais coragem, mais respeito por si mesmas.
A raiva bem vivida não destrói. Ela reconstrói.
Na próxima etapa, falaremos sobre a negociação: o momento em que a mente começa a fazer acordos internos para tentar reverter a perda ou aliviar a dor.
Se a raiva é o fogo que consome, a negociação é a névoa que tenta confundir. Mas, como sempre, há aprendizado em cada etapa.
Fase 3: Negociação – Quando a mente tenta reverter o irreversível
Depois da raiva, vem o momento em que algo dentro de você começa a mudar o tom. A intensidade emocional se transforma em argumentos silenciosos. A mente começa a negociar.
É como se, secretamente, você dissesse:
“Será que ainda dá pra salvar isso?”
“E se eu mudar?”
“Talvez se eu fizer tudo diferente, ele(a) volte...”
Essa é a fase da negociação.
Não é uma negociação direta com o outro — é uma negociação interna. Com você mesmo, com o passado, com Deus, com o destino. A mente tenta encontrar atalhos para escapar da dor da perda.
Como a negociação se manifesta?
Ela pode aparecer de forma sutil ou escancarada, como:
Mandar uma mensagem "inocente", só para ver se ainda tem alguma abertura.
Prometer a si mesmo mudar completamente de comportamento para agradar o ex.
Relembrar apenas os momentos bons, idealizando o relacionamento.
Orar, pedir a Deus uma segunda chance, fazer promessas: “Se ele voltar, eu nunca mais reclamo.”
Imaginar cenários em que tudo pode se resolver com uma conversa.
Em resumo, a negociação é o esforço da mente em tentar reverter ou suavizar a perda.
Por que negociamos?
Porque estamos diante de algo que não controlamos: o fim. A perda do outro representa também a perda de controle — e isso gera pânico. Então o cérebro tenta recuperar algum poder sobre a situação. “Talvez se eu me esforçar mais, ainda haja esperança.”
Esse comportamento está ligado a um mecanismo de sobrevivência emocional. O ser humano tem uma necessidade profunda de sentido e pertencimento. E quando algo se rompe abruptamente, negociamos para tentar restaurar esse sentido.
Mas, em vez de cura, a negociação pode nos prender.
Você pode ficar estagnado(a), alimentando esperanças falsas, abrindo mão de sua dignidade emocional, se esforçando para “melhorar” por alguém que já virou a página.
Os perigos dessa fase:
Negar novamente a realidade.
A negociação muitas vezes é um retorno disfarçado à negação. Você começa a reconstruir ilusões para evitar o enfrentamento da verdade.Perder-se de si mesmo(a).
Ao tentar se moldar completamente para “merecer” o outro de volta, você corre o risco de abandonar sua essência. A pergunta vira: “O que eu preciso fazer para ele(a) voltar?”, e não mais: “O que eu realmente quero e mereço viver?”Ficar refém de promessas não ditas.
Às vezes o ex nem deu sinais de que quer voltar, mas você interpreta um emoji, uma curtida, uma frase vaga como uma brecha. E aí se apega a migalhas de esperança.
Como atravessar a negociação com lucidez?
Enxergue os fatos com clareza.
Releia conversas antigas, lembre-se do que te machucou. Escreva uma lista do que não funcionava. Isso ajuda a trazer equilíbrio emocional e sair da idealização.Recupere sua autonomia.
Faça planos que não envolvam mais o outro. Volte a tomar decisões por você. Pequenas atitudes cotidianas com autonomia — como mudar algo em casa, sair com amigos, voltar a um hobby — reafirmam que sua vida continua.Se pergunte com honestidade:
Eu quero essa pessoa de volta... ou quero fugir da dor da perda?
Estou disposto(a) a me anular para reatar?
O que em mim precisa de cura, além da saudade?
Aceite que sentir falta não significa que ainda deva estar junto.
A saudade nem sempre é sinal de amor — muitas vezes é apenas o eco do vínculo. E vínculo não é garantia de saúde emocional.Evite reabrir portas que estão fechadas.
Fazer contato sem clareza emocional pode levar a ciclos de recaída, alimentando expectativas e prolongando o sofrimento. Dê tempo à sua razão para voltar a dialogar com seu coração.
O que essa fase ensina?
A negociação é o momento em que aprendemos que nem todo amor precisa voltar para que seja valorizado. Que a gente pode crescer com a dor sem precisar voltar a ela. Que o verdadeiro movimento de superação não é resgatar o que foi, mas honrar o que se viveu e construir algo novo a partir disso.
É nesta fase que a aceitação começa a se aproximar. Ainda distante, talvez, mas já possível de ser vislumbrada.
Na próxima etapa, mergulharemos na tristeza profunda, o ponto mais silencioso e vulnerável do luto — e também o mais verdadeiro.
Se você está passando pela negociação, lembre-se:
Você não precisa negociar com o passado para merecer um futuro melhor.
Fase 4: Tristeza profunda (ou depressão) – Quando a dor para de gritar e começa a pesar
Depois das tentativas de negociação, depois da raiva que queimava e da negação que tentava proteger, o silêncio chega. O corpo cansa, a mente se rende, e a emoção toma outra forma: tristeza.
É nessa fase que muitas pessoas dizem:
“Agora caiu a ficha de verdade.”
E com ela, o peso do vazio. O coração começa a aceitar que acabou, mas essa aceitação vem acompanhada de dor emocional intensa, falta de energia, saudade profunda e um sentimento de perda que parece que nunca vai passar.
Essa fase não é frescura, nem fraqueza
É comum ouvir: “Ah, isso é exagero. Já passou tempo demais. Segue em frente!”
Mas quem está vivendo essa fase sabe: não é uma escolha estar triste — é uma consequência da perda real de algo que era importante.
Essa tristeza profunda não é necessariamente uma depressão clínica (embora, se prolongada e intensa, possa evoluir para isso). Ela é uma fase natural do luto, mas merece cuidado e acolhimento.
Como essa fase se manifesta?
Vontade de se isolar, ficar em silêncio, não sair nem conversar.
Sensação de que nada tem graça. Até o que antes dava prazer agora parece sem sentido.
Saudade que chega de repente, como uma onda pesada.
Pensamentos como: “Eu não vou conseguir ser feliz de novo”, ou “Nada mais vai me preencher”.
Crises de choro inesperadas, mesmo em momentos banais.
Cansaço físico e mental, dificuldade de concentração.
Essa fase não é perigosa por existir, mas pode se tornar perigosa quando a pessoa tenta reprimi-la ou se afunda nela sem apoio.
O que ela revela?
A fase da tristeza mostra que você amou de verdade. Que aquele relacionamento, mesmo que tenha terminado, representava algo significativo para você. E que, agora, existe um luto por tudo que foi e tudo que não será mais.
É aqui que você começa a se despedir, aos poucos, dos sonhos em comum, dos planos que foram feitos, da rotina compartilhada, das pequenas coisas que uniam vocês.
É um “adeus” que dói porque ele não tem uma cerimônia oficial. Não tem data marcada. É interno. E, por isso, exige coragem.
Como atravessar essa fase sem afundar?
Não se apresse para sair dela.
A tristeza precisa de espaço. Quem tenta “pular” essa fase, frequentemente carrega dores não resolvidas que reaparecem mais tarde — em outros relacionamentos, em novas frustrações, em doenças psicossomáticas. Sinta o que precisa ser sentido.Busque apoio emocional verdadeiro.
Converse com pessoas que não vão te julgar. Procure terapia, escreva, chore. Estar triste não é fraqueza. É sinal de que você ainda está vivo(a), conectado(a) com seus sentimentos.Cuide do básico.
Nessa fase, até o autocuidado parece inútil — mas ele é fundamental. Comer bem, manter uma rotina de sono, sair para tomar sol ou caminhar… tudo isso ajuda o corpo a sustentar a alma nesse momento mais difícil.Evite idealizar o passado.
A tristeza costuma vir acompanhada de lembranças lindas. É como se só o que foi bom permanecesse na memória. Mas lembre-se dos motivos reais do término, do que te fez sofrer, das incompatibilidades. Isso ajuda a manter os pés no chão.Tenha paciência consigo mesmo(a).
Não existe prazo para superar um luto. Cada pessoa tem seu tempo, sua intensidade, sua história. O importante é não se abandonar no processo.
O que essa fase ensina?
A tristeza profunda, por mais escura que pareça, é um portal. Ela obriga você a olhar para dentro, a se reconectar com sua essência, a se perguntar:
“Quem eu sou sem esse relacionamento?”
“O que posso aprender com tudo isso?”
E, aos poucos, você começa a perceber que a dor não precisa desaparecer para que a vida volte a fazer sentido. A dor pode caminhar com você por um tempo, sem te paralisar.
A fase da tristeza é como o inverno da alma. Tudo parece adormecido. Mas, no silêncio, sementes estão sendo plantadas. Sementes de força, de autoconhecimento, de uma nova identidade que está se formando.
Na próxima etapa, chegamos ao início de uma nova estação: a aceitação. O ponto em que você começa a perceber que é possível viver bem, mesmo sem aquilo que se perdeu.
Se você está nesse momento de tristeza, por favor: não desista de si. Essa dor não define quem você é. Ela só mostra o quanto você sentiu — e, sentir, é prova de que você é humano(a).
Fase 5: Aceitação – Quando a dor vira cicatriz, e a vida reencontra o ritmo
A aceitação não é o fim da dor. Também não é esquecer o que foi vivido, nem fingir que nada aconteceu. Aceitar é, na verdade, parar de lutar contra a realidade. É olhar para o que houve e, mesmo com o coração ainda um pouco machucado, dizer com serenidade:
“Foi. Acabou. E está tudo bem.”
Na aceitação, você não precisa mais entender todos os porquês. Você não tenta mais reescrever a história, nem fantasiar um reencontro. Você se permite seguir. Leve.
Como essa fase se apresenta?
Aos poucos, sem alarde.
Você percebe que os dias já não são todos cinzentos.
A saudade existe, mas não paralisa.
As lembranças vêm, mas já não doem do mesmo jeito.
Você se pega sorrindo sem culpa, se abrindo para novas conversas, novos caminhos.
Volta a cuidar de si com mais entusiasmo.
Começa a enxergar sentido novamente, ainda que com uma nova perspectiva.
É como se, depois de atravessar uma floresta escura, você começasse a ver a claridade no horizonte. A vida ainda está ali. Esperando você voltar pra ela.
O que não é aceitação?
Não é insensibilidade. Você pode aceitar e ainda sentir saudade.
Não é indiferença. Você pode aceitar e ainda lembrar com carinho.
Não é amnésia emocional. Você pode aceitar e ainda carregar marcas do que viveu.
Aceitação é amadurecimento emocional. É quando você entende que algumas perdas fazem parte do processo de viver — e que elas não anulam sua capacidade de ser feliz.
O que muda na aceitação?
A relação com o passado se transforma.
Você para de querer voltar. Não deseja mais aquele “último abraço”, nem aquela “última conversa”. Você entende que a história teve seu tempo, seu valor — e que agora existe um novo tempo.A energia emocional volta a circular.
Na raiva, tristeza e negociação, a energia fica presa. Tudo gira em torno do ex, da dor, do fim. Na aceitação, a energia se libera. Você volta a investir em você, em planos, em pessoas.Você se reencontra.
Muitas vezes, durante o relacionamento, partes suas ficaram apagadas, esquecidas. Agora, você começa a lembrar de quem era — e de quem pode se tornar.Você começa a agradecer.
Acredite: em algum momento, você vai conseguir olhar para essa experiência e sentir gratidão. Não pela dor, mas pelo que ela te ensinou. Pelo quanto você cresceu. Pelo quanto aprendeu sobre limites, amor-próprio e recomeço.
Como fortalecer a aceitação?
Cerque-se de pessoas que te enxergam com verdade.
Gente que respeita sua história, mas te estimula a seguir em frente.Construa novas rotinas.
Reorganize a casa, mude o caminho que você faz, renove hábitos. Pequenas mudanças externas ajudam a consolidar as internas.Volte a sonhar.
Faça planos, mesmo que simples. Deseje o futuro. A aceitação precisa de esperança.Acolha o que ainda restar de dor.
Aceitar não é nunca mais sentir. É saber conviver com os resquícios sem que eles te paralisem.
A grande virada:
Aceitar é quando você entende que, mesmo sem o outro, você continua inteiro(a).
Que sua história não termina com um fim — ela apenas muda de capítulo.
E assim, encerramos as 5 fases do luto aplicadas ao fim de um relacionamento. Esse ciclo não é linear: você pode ir e voltar entre fases, pode sentir duas delas ao mesmo tempo, pode demorar em uma e passar rápido por outra. Mas ele sempre caminha — e você caminha junto.
Se você chegou até aqui, saiba:
A dor que hoje ainda visita, amanhã pode ser memória.
E da memória pode nascer uma versão sua ainda mais forte, mais consciente e mais leve.
Abraço,
Julio Furlaneto
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Que texto lindo e esclarecedor. Muito obrigada por escrevê-lo, vou mantê-lo por perto para ler quando estiver me sentindo meio perdida.