Propósito nos Relacionamentos
Como descobrir seu propósito nas relações do dia a dia e responder aos chamados da vida com responsabilidade e amor.
É possível encontrar um sentido para a vida por meio dos relacionamentos?
A resposta está no modo como nos colocamos diante de cada situação concreta: o sentido surge daquilo que a vida nos pede para fazer, aqui e agora, em ações que ninguém mais pode realizar em nosso lugar.
Cada momento traz consigo um convite único e irrepetível. Não se trata de escolher livremente qualquer propósito, mas de ler o apelo que se manifesta nas circunstâncias em que nos encontramos. Assim como cada pessoa vive uma história singular, o sentido de cada vida também se revela de forma exclusiva — variando de indivíduo para indivíduo e, para a mesma pessoa, mudando ao longo do tempo, conforme o contexto e as responsabilidades de cada fase.
Por depender desse chamado específico, somente nós podemos descobrir qual é a nossa missão. Não basta entender teoricamente o que é sentido: precisamos aprender a captá-lo, a partir da nossa liberdade de escolha responsável. Segundo Viktor Frankl, autor de Em Busca de Sentido, o caminho é simples em teoria, mas desafiador na prática: viver significa arcar com a tarefa que a existência nos impõe, respondendo adequadamente às suas perguntas e cumprindo as demandas de cada momento.
Para Frankl, essa descoberta passa por três vias principais:
Valores de criação: dedicarmo-nos a algo que fazemos com as próprias mãos — seja um projeto de trabalho, uma atividade artística ou qualquer tarefa que expresse nossa contribuição ao mundo. É nesse empreendimento que damos forma ao nosso sentido de vida.
Valores de experiência: encontrar sentido nas experiências que vivemos — o amor que dedicamos a alguém, o contato com a beleza da arte ou da natureza, o prazer de aprender algo novo. Nos relacionamentos, essas vivências se tornam fundamentais, pois revelam o valor de nos conectarmos verdadeiramente ao outro.
Valores de atitude: assumir uma postura diante do sofrimento inevitável. Não se trata de evitar toda dor, mas de encarar as inevitáveis perdas e desafios com coragem, dignidade e compaixão — transformando a própria forma de sofrer em uma oportunidade de crescimento interior.
Quando aplicamos esses princípios aos nossos vínculos, percebemos que cada interação amorosa, cada conversa e cada gesto carrega potencial de sentido. Amar alguém não é apenas um sentimento: é um compromisso dinâmico, que nos convoca a agir, a escutar, a acolher e a aceitar também as imperfeições e os desafios conjuntos.
Por fim, cabe a cada um de nós exercitar a liberdade de vontade. Diariamente, temos a chance de escolher como reagir às demandas da vida: se aceitamos a responsabilidade de responder com integridade, empatia e coragem, descobrimos, no caminho dos relacionamentos, uma fonte rica e profunda de sentido. Afinal, é no entrelaçar de pequenas ações, decisões e atitudes que construímos o verdadeiro propósito de nossa jornada.
Abraço,
Julio Furlaneto
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