Quando a Pessoa Tóxica é Você
Aprofundando-se no autoconhecimento, na responsabilidade emocional e na transformação de relações
Perceber que você mesmo pode estar agindo de forma tóxica é um despertar doloroso — mas incrivelmente poderoso. Esse diagnóstico interno é o ponto de partida de uma jornada de autotransformação. Vamos detalhar cada etapa dessa trajetória.
1. Autoconsciência: o ponto de partida essencial
Dar-se conta de que pode ter atitudes prejudiciais representa o primeiro passo rumo à mudança. Isso demonstra responsabilidade emocional — oposta à culpa paralisante. A culpa exagerada leva a ruminações e bloqueio, enquanto a responsabilidade envolve reconhecer as falhas e se comprometer com a melhoria pessoal.
2. Investigando as raízes: gatilhos e regulação emocional
Comportamentos tóxicos nascem de gatilhos emocionais: feridas antigas, inseguranças e carências. A psicologia os explica por meio da regulação emocional deficiente — quando não temos ferramentas para lidar com emoções intensas. Estudos mostram que afect-labelling (rotular emoções) já reduz a reatividade ao esvaziar sua carga emocional. Investigar "o que isso me acionou?" e nomear o sentimento alivia e abre espaço para escolhas conscientes.
3. Desenvolvendo autocompaixão
A autocompaixão — com base no modelo de Kristin Neff — envolve três pilares:
Autocuidado (self-kindness): acolher falhas com gentileza;
Humanidade comum: reconhecer que sofrer é parte da experiência humana;
Mindfulness: observar emoções sem julgamento nem exagero.
Pesquisas mostram que autocompaixão está ligada a menor ansiedade, depressão e maior bem-estar e resiliência. Além disso, estudos fisiológicos mostram que promove regulação emocional eficaz, com reatividade reduzida e maior capacidade de recuperação.
4. Ferramentas práticas e micropráticas
Afirmações diárias (20 s de autocuidado) aumentam autocompaixão, bem-estar e reduzem estresse em universitários.
Técnicas de mindfulness, respiração e labeling (etiquetar emoções) promovem regulação emocional e reduzem reatividade.
A reavaliação cognitiva (cognitive reappraisal) ajuda a reinterpretar situações, reduzindo padrões destrutivos .
5. Comunicação responsável e o perigo do DARVO
É comum, ao ser confrontado, reagir com negação, ataque ou inverter papéis — o chamado DARVO (deny, attack, reverse victim/offender ou negação , ataque e inversão da vítima e do ofensor). Esse padrão evita a responsabilização e prejudica a confiança. Reconhecer o DARVO evita escalar conflitos e promove um diálogo mais transparente. Em vez de reagir, é melhor dizer:
“Eu entendo que machuquei você. Assumo minha parte e quero mudar.”
6. Autoaceitação: base para o crescimento
Aceitar-se com falhas faz parte do crescimento emocional. A autoaceitação — componente da autocompaixão — significa reconhecer suas imperfeições e valor pessoal, independente do desempenho. Essa postura cria um contexto emocional seguro para o aprendizado e para a mudança.
7. O papel da terapia e apoio
A psicoterapia oferece ferramentas para desconstruir padrões defensivos, desenvolver autocompaixão e fortalecer a regulação emocional . O apoio profissional acelera e consolida a transformação.
8. Sustentando a mudança: de postura para prática
Autorreflexão regular: diário, supervisão pessoal, feedback de pessoas de confiança.
Micropráticas diárias: autoafirmações, identificação de emoções, pausas para respiração e compassividade.
Metas específicas: “da próxima vez que me sentir irritado, vou respirar cinco vezes antes de reagir.”
Avaliação contínua: reconheça progressos, mesmo imperfeitos — autocompaixão ajuda a persistir.
Conclusão
Reconhecer que você pode ser a parte tóxica é um gesto de coragem que abre caminho para relações mais saudáveis e autênticas. Por meio da responsabilidade, autoconhecimento, autocompaixão e prática, é possível reformular padrões emocionais e relacionais. Transformar-se não é um destino, mas um caminho de escolhas conscientes e fortalecimento das próprias emoções.
Abraço,
Julio Furlaneto
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